segunda-feira, 11 de abril de 2016

Ativação e Mapeamento do Implante Coclear de uma Usuária da FCEE

         
            Em junho de 2015, publicamos aqui no blog um texto que falava a respeito das habilidades auditivas a serem trabalhadas com os usuários de Implante Coclear, que vão ajudá-los a aprender a escutar através do trabalho de treinamento auditivo, que tem por finalidade fazer com que esses usuários aprendam a ouvir e interpretar os sons, com o intuito de desenvolver as funções auditivas necessárias a aquisição e ao desenvolvimento da linguagem oral.
Mas antes de chegar nessa fase existem etapas que antecedem o trabalho dessas habilidades, como a ativação do implante coclear e o mapeamento, que gostaríamos de falar um pouquinho
            A ativação do implante coclear é um dos momentos de maior ansiedade, não só para o paciente e sua família, mas também para toda a equipe envolvida. Para a ativação, a unidade externa é posicionada pela primeira vez atrás da orelha, conectada pela antena imantada à unidade interna e ligada (ativada). Em seguida, alguns testes são realizados em busca da sensação auditiva do paciente e sua reação.
Na ativação são estabelecidos os parâmetros de funcionamento dos sons que serão identificados pelo processador de fala e que vão permitir ao paciente escutar. Os primeiros trinta dias após a ativação buscam fazer com que a pessoa tenha as primeiras experiências sonoras, percebendo os sons dos ambientes em que vivem e das vozes às quais estarão expostas a partir de então.
Para as crianças com surdez congênita e aqueles pacientes que nunca ouviram, é comum que esse seja um momento de estranheza e até mesmo de desconforto. Trata-se do cérebro recebendo impulsos inéditos, ainda sem saber bem como identificá-los e o que fazer com eles. Para a pessoa que ouve pela primeira vez, os conceitos de “som”, “voz” ou “barulho” ainda não existem, e começam a ser estabelecidos a partir deste momento. Para os pacientes pós-linguais e que previamente dominavam a linguagem oral, a ativação tende a causar menos surpresa. A natureza e qualidade dos sons percebidos pela estimulação elétrica do implante coclear também são novas e estranhas para eles, que precisam se acostumar a elas. Mas apesar dessa possível estranheza, a ativação também costuma ser o momento mais bonito e emocionante de todo o tratamento. 

            Depois desse primeiro mês, ocorrerá o primeiro mapeamento. Depois os mapeamentos passam para uma rotina bimestral, trimestral, semestral até que se tornem um acompanhamento anual, onde o objetivo é ajustar os sons de maneira que fiquem cada vez mais claros, fortes e nítidos, sem provocar qualquer tipo de desconforto.
Tanto o nervo auditivo quanto o cérebro precisam aprender a identificar o novo som codificado do implante coclear, e os ajustes na programação são fundamentais para ir melhorando a audição e a discriminação da fala.
Depois que tudo se estabiliza, o paciente passa a realizar o acompanhamento anual que é de suma importância tanto para monitorizar a evolução com os testes de percepção de fala, como para monitorizar o implante coclear, já que na consulta sempre é verificado o funcionamento dos eletrodos, o funcionamento da unidade implantada e orientações com o processador de fala.
Ao mesmo tempo em que os mapeamentos vão sendo realizados, vai acontecendo o trabalho de treinamento auditivo com o objetivo de realizar estimulação auditiva para que se desenvolva de forma satisfatória a comunicação expressiva e receptiva do implantado, pois como já dito anteriormente, quem recebe o som é o ouvido, mas quem escuta e compreende o que foi ouvido é o cérebro e essas etapas são fundamentais para o sucesso do Implante Coclear, já que o implante permite a condição para escutar, porém a competência da escuta se dará por meio da estimulação do treinamento auditivo e de linguagem através de atendimento especializado.
Luana Zimpeck- Fonoaudióloga
Fernanda Faucz-Professora Reabilitadora