quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A MÁGICA DOS PRIMEIROS SINAIS EM LIBRAS

QUANDO A CRIANÇA COMEÇAR A (RE)PRODUZIR SINAIS DA LIBRAS

O atendimento educacional especializado – AEE Libras / Educação Infantil do CAS/FCEE atende crianças a partir dos dois anos e é baseado na brincadeira e na interação da criança com os professores, tudo na sua língua, a Língua Brasileira de Sinais. Com objetivo principal de proporcionar contato com a Libras e assim desenvolver, ou fazer com que a criança adquira sua língua e complete o processo de aquisição da linguagem.

As atividades são as mais variadas, e envolvem brincadeiras na área externa do CAS (com passeios, caminhadas, exploração do ambiente, entre outros) e também brincadeiras em sala (com jogos, brinquedos, fichas com sinais e imagens, e várias outras estratégias).

Contudo, na maioria dos casos atendidos as crianças chegam até nós sem nenhuma base da língua de sinais, visto que as crianças atendidas vem de famílias ouvintes e não usuárias da Libras. Dessa forma o contato inicial com a língua de sinais, pode muitas vezes assustar a criança, levando algumas semanas, ou até meses para sua adaptação. Mas aos poucos as crianças começam a perceber que “aquilo que os adultos, e até outras crianças, estão fazendo com as mãos é: falar!”

Aos poucos a concentração vai ficando mais aguçada, as crianças se acalmam e começam a focar o olhar nas falas em língua de sinais. Aprendendo inicialmente (e intuitivamente, isso quer dizer, sem que o professor tenha que explicar como se faz) a entender a troca de turno entre os falantes.

Logo depois começa a magia! Que é quando a criança inicia com as suas primeiras tentativas de realizar um sinal (em outro artigo falaremos sobre o balbucio na língua de sinais). E inicia assim produções similares à dos adultos (ou outras crianças maiores), com configurações de mãos que lhes parecem corretas, mas sim, já produzindo seus primeiros sinais.

Nas fotos abaixo, temos dois registros, que conseguimos fotografas, de quando a aluna em questão, com dois anos faz a tentativa de produzir dois sinais (podemos arriscar dizendo que são seus primeiros sinais produzidos!). O relato dos professores é de que o primeiro sinal que a aluna reproduziu foi de “CASA”. Vejam nas fotos a aluna de casaco cor-de-rosa observando o sinal produzido por sua colega e também pelo professor, e depois ela mesma fazendo suas tentativas.

No segundo grupo de fotografias, temos a aluna observando a professora produzindo o sinal da cor “VERDE” e logo depois, com a ajuda da professora ela também produz o mesmo sinal.

Segundo relatos da mãe, a criança já havia, em casa, feito tentativas de reprodução do sinal de “OI” (sinal correto, produzido com a configuração de mão em “O +I”, ao mesmo tempo, com movimentos circulares no espaço neutro, em frente ao corpo), contudo ela utiliza outra configuração de mão (configuração de mão em “D”), mas com o movimento correto, e principalmente nas situações corretas – em contextos de cumprimento.

Por fim, lembramos que esse maravilhoso processo é natural para as crianças que começam a ter contato com a língua de sinais. Não sendo um processo forçado e a partir de, começam a compreender vocabulários e falas, justificando o porquê da língua de sinais ser a primeira língua dos sujeitos surdos.

Texto de Vanessa Paula Rizzotto

Atividade realizada pelos professores: Marcos Alexandre Marquioto e Cilene Couto Becker 


PRODUÇÃO DO SINAL DE "CASA"

Aluna observando sua colega produzir o sinal de "CASA".

Observando o professor e fazendo a primeira tentativa.

Aluna conferindo o sinal produzido. 


PRODUÇÃO DO SINAL DA COR "VERDE" 


Aluna observando a professora produzir o sinal da cor "VERDE". 

Primeira tentativa de um novo sinal. 


Ajuda da professora para realização da configuração de mão correta. 


Conferencia do sinal produzido por ela mesma! 



terça-feira, 30 de outubro de 2018

SEMINÁRIO SOBRE SURDOCEGUEIRA

DISSEMINANDO CONHECIMENTO SOBRE A SURDOCEGUEIRA

Nos dias 25 e 26 de outubro do ano corrente, a Fundação Catarinense de Educação Especial – FCEE através do CAS - Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez realizou o “Seminário sobre Surdocegueira” para assim capacitar os profissionais que atuam ou têm contato com pessoas surdocegas e contribuir para as discussões nesta área.

Nesse dois dias de muito aprendizado, a FCEE recebeu em seu auditório vários profissionais, familiares e também contou com a presença de alguns cidadãos surdocegos.

No cronograma tivemos a oportunidade de ouvir as reflexões de vários profissionais da área, assistindo as palestras:

- Surdocegueira congênita / Deficiência Múltipla Sensorial - da Ms. Laura Lebre Monteiro Anccilotto, graduada em Pedagogia - Habilitação em Deficiência Visual pela Universidade de São Paulo; pós-graduada em Formação de Educadores de Pessoas com Deficiência pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em Surdocegueira pela Perkins School for the Blind. Sendo que a mestre Laura, possui vasta experiência com o atendimento a alunos com múltiplas deficiências e ainda na educação de forma geral com ênfase em tópicos específicos da educação especial.

- Surdocegueira adquirida: formas de comunicação - da Dra. Rita de Cássia Silveira Cambruzi, ex funcionária da FCEE , graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre em Educação Especial, com foco de estudo na “Educação do Indivíduo Especial” pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, e doutora em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos. Com experiência na área de educação, ênfase na Educação Especial, atuando principalmente nos seguintes temas: surdocegueira, metodologia, educação especial, comunicação e família.

- O relato de um paimomento este em que o pai de um sujeito surdocego dividiu com os participantes do seminário a luta para compreender a deficiência de seu filho adotivo. E ainda a trajetória de sua família na educação de seu filho.

- O atendimento educacional especializado – AEE/Surdocegueira realizado no CAS/FCEEfala realizada pelos professores do CAS/FCCE, Valdeci Lisboa e Dariane Régis dividindo com todos como são os atendimentos realizados no centro e exemplificando situações de ensino e aprendizagem.

E para encerrar nossas reflexões, o convidado especial Alexandro Anton discorreu sobre a sua trajetória educacional como cidadão surdocego.

Ainda na abertura do evento tivemos também o lançamento de DOIS LIVROS DA Dra. Rita de Cássia Silveira Cambruzi EM PARCERIA COM Dra. Maria da Piedade Resende da Costa, SENDO ELES:
- Surdocegueira por Síndrome de Usher: recursos pedagógicos acessíveis
- Surdocegueira: níveis e formas de comunicação.

Também tivemos alguns intervalos culturais com apresentações de poesia em língua de sinais do professor surdos Marcos Alexandre Marquioto, e para fechar os dois dias de encontro, tivemos a canção “Tocando em Frente”, interpretada PELA pedagoga da FCEE e musicista Juliana Buratto, COM TRADUÇÃO EM VÍDEO DOS ALUNOS DO CAS.

Abaixo podemos ver algumas fotos do evento.


Texto de Vanessa Paula Rizzotto – Intérprete de Libras

Agradecimento especial a todos os funcionários do CAS envolvidos na organização do Seminário:
- Patrícia Amaral, Marli Simiano de Souza e Cilene Couto Becker – responsáveis pela decoração e organização do espaço;
- Graziela Cristofolini da Rosa – cerimonialista;
- Valdeci Lisboa e Dariane Régis – palestrantes;
- Marcos Alexandre Marquioto, Dariane Régis, Cilene Couto Becker e Valdelúcio Fernandes Marques – guias-intérpretes (Libras-tátil);
- Manfred Schaberle da Silva e Vanessa Paula Rizzotto – intérpretes de Libras
- Paula Cecília Novaes e Juliana Sousa Pereira Guimarães – intérpretes de Libras que colaboraram voluntariamente no evento. 





 






 




   











sexta-feira, 19 de outubro de 2018

TRABALHANDO COM ESTRATÉGIAS DE ESCRITA

AEE PORTUGUÊS

Ensinar a escrita da língua portuguesa é a principal premissa do nosso serviço de atendimento do AEE Português realizado no CAS/FCEE.
Com o apoio profissional de um professor bilíngue, as atividades são todas voltadas à língua majoritária do nosso país. Contudo respeitando a condição de esta ser a segunda língua (L2) do sujeito surdo.

E sobre tal informação temos Sousa (2008) que nos afirma que:

A escrita assume um papel extremamente significativo para o povo surdo, por tratar-se de um grupo que não ouve nem fala uma língua oral de forma natural, como os ouvintes. Nem todos os surdos desejam aprender a modalidade oral de uma língua oral-auditiva. Ao contrário, a modalidade escrita é acessível a todos eles, visto que ela é um sistema de representação não apenas sonoro, mas também visual/gráfico (SOUSA, 2008, p.15).

Dessa forma identificamos ainda mais a necessidade de que todos os nossos alunos/usuários aprendam com estratégias diferenciadas e acessíveis às suas particularidades. Afinal, como sempre afirmamos em nossos textos, é fundamental conhecermos os alunos com que estamos trabalhando, e identificarmos os gostos pessoais de cada um.

Um dos exemplos que podemos abordar é o trabalho com um aluno que frequenta o CAS, nas aulas ministradas no nosso centro. O aluno em questão é surdo e também apresenta outras particularidades e condutas típicas. Neste caso o aluno não consegue se concentrar por muito tempo com atividades rotineiras do âmbito escolar, por isso, a necessidade de adaptação das atividades é fundamental e assim encontrar e até mesmo diversificar as estratégias de ensino. E foi assim que ocorreu na aula retratada abaixo, em que a professora sabendo que o aluno não se identifica (ou melhor explicando: não tem preferência pelo lápis e papel) ela utilizou letras de EVA, coloridas e grandes, atraindo o aluno a possibilidade da escrita.

A atividade se iniciou com a identificação de alguns vocábulos que o aluno já tinha conhecimento da escrita na língua portuguesa. No restante da aula, a atividade transcorreu naturalmente, com novas sugestões de vocabulários ao aluno, por parte da professora, mas principalmente com sugestões do próprio aluno, quando o mesmo fazia o sinal em Libras para a professora e a mesma colaborava com a escrita na língua portuguesa. Na maioria dos vocabulários sugeridos pelo aluno, este sabia o início da palavra, mas não a sua escrita por completo. E sobre esta informação devemos também pensar que muitas vezes a língua portuguesa não é apenas a segunda língua do surdo, mas sim uma língua estrangeira, pois é de cultura e forma de contato diferentes da língua dele, sua L1, a língua de sinais. E logo Sousa (2008, p. 49) nos reforça essa informação esclarecendo que:

A língua portuguesa, no entanto, nem sempre é vista como segunda língua por alguns surdos, mas como uma língua estrangeira. No caso de muitos surdos, a língua portuguesa é vista como uma língua realmente estrangeira, estranha, que pertence apenas à comunidade ouvinte. Trata-se de uma relação bastante conflituosa que permeia o contato entre essas duas comunidades.

E assim, outra reflexão nos cerca, pois não devemos impor apenas uma forma de aprendizagem da língua escrita aos alunos surdos. Ou ainda, sendo mais clara, insistir que o aluno aprenda apenas com lápis e papel. O que poderá incitar certa resistência n aprendizado por parte do aluno, ou até mesmo a aversão da língua portuguesa. 

Vale ainda ressaltar que também é apropriado entender qual o nível linguístico do aluno, e assim, não trabalhar apenas com palavras que o mesmo já conhece, e também não apresentar vocabulário que excedem o seu conhecimento neste momento. Mas tudo isso, sempre enriquecendo e proporcionando mais conhecimento, apresentando novos vocabulários (contextualizados), aos poucos aos alunos. 

por fim, concluímos que proporcionar momento de aprendizado com materiais diversos e "disfarçados", mas mais atrativos, faz dos momentos de ensino e aprendizagem momentos mais ricos e com maior possibilidade de sucesso.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SOUSA, Aline Nunes de. Surdos Brasileiros Escrevendo em Inglês: Uma Experiência com Ensino Comunicativo de Línguas. Dissertação de Mestrado em Linguística Aplicada – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2008.


Todos os nossos alunos foram liberados por seus responsáveis para o uso de imagem em nossos canais de repasse de informações e mídias sociais.



Texto de Vanessa Paula Rizzotto – Intérprete de Libras
Atividade realizada pela professora: Cilene Couto Becker.






















quinta-feira, 18 de outubro de 2018

CURSO MINISTRADO NO EVENTO “INTERCAS” NO CAS DE RIBEIRÃO PRETO


Entre os dias 09 e 10 de outubro deste ano, a profissional intérprete de Libras do CAS/FCEE, Vanessa Paula Rizzotto esteve em Ribeirão Preto – SP para ministrar um curso explanando sobre:
- Os serviços ofertados pelos CAS/FCEE de SC;
- A atuação do tradutor intérprete de Libras;
- Técnicas de tradução e interpretação; e
- Omissões na interpretação da língua de sinais.

O curso foi ministrado para os intérpretes de Libras da rede municipal de Ribeirão Preto, em parceria com o CAS do município, no encontro intitulado “InterCAS”, pois partiu da premissa de solicitação de que profissionais de outros CAS fossem até lá para repassar seus conhecimentos.
Em parceria com a intérprete Vanessa, também estava presente no evento com momentos de fala um intérprete do INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos, compartilhando a sua experiência de atuação profissional e apresentando os serviços que o Instituto oferece a comunidade.
O evento foi financiado pelo INES com recursos federais, a fim de proporcionar a formação continuada dos intérpretes que atuam no município em questão.
Nas fotos abaixo, podemos ver alguns momentos dos dois dias de ensinamentos e trocas de experiência.



Equipe do CAS de Ribeirão Preto