sexta-feira, 19 de outubro de 2018

TRABALHANDO COM ESTRATÉGIAS DE ESCRITA

AEE PORTUGUÊS

Ensinar a escrita da língua portuguesa é a principal premissa do nosso serviço de atendimento do AEE Português realizado no CAS/FCEE.
Com o apoio profissional de um professor bilíngue, as atividades são todas voltadas à língua majoritária do nosso país. Contudo respeitando a condição de esta ser a segunda língua (L2) do sujeito surdo.

E sobre tal informação temos Sousa (2008) que nos afirma que:

A escrita assume um papel extremamente significativo para o povo surdo, por tratar-se de um grupo que não ouve nem fala uma língua oral de forma natural, como os ouvintes. Nem todos os surdos desejam aprender a modalidade oral de uma língua oral-auditiva. Ao contrário, a modalidade escrita é acessível a todos eles, visto que ela é um sistema de representação não apenas sonoro, mas também visual/gráfico (SOUSA, 2008, p.15).

Dessa forma identificamos ainda mais a necessidade de que todos os nossos alunos/usuários aprendam com estratégias diferenciadas e acessíveis às suas particularidades. Afinal, como sempre afirmamos em nossos textos, é fundamental conhecermos os alunos com que estamos trabalhando, e identificarmos os gostos pessoais de cada um.

Um dos exemplos que podemos abordar é o trabalho com um aluno que frequenta o CAS, nas aulas ministradas no nosso centro. O aluno em questão é surdo e também apresenta outras particularidades e condutas típicas. Neste caso o aluno não consegue se concentrar por muito tempo com atividades rotineiras do âmbito escolar, por isso, a necessidade de adaptação das atividades é fundamental e assim encontrar e até mesmo diversificar as estratégias de ensino. E foi assim que ocorreu na aula retratada abaixo, em que a professora sabendo que o aluno não se identifica (ou melhor explicando: não tem preferência pelo lápis e papel) ela utilizou letras de EVA, coloridas e grandes, atraindo o aluno a possibilidade da escrita.

A atividade se iniciou com a identificação de alguns vocábulos que o aluno já tinha conhecimento da escrita na língua portuguesa. No restante da aula, a atividade transcorreu naturalmente, com novas sugestões de vocabulários ao aluno, por parte da professora, mas principalmente com sugestões do próprio aluno, quando o mesmo fazia o sinal em Libras para a professora e a mesma colaborava com a escrita na língua portuguesa. Na maioria dos vocabulários sugeridos pelo aluno, este sabia o início da palavra, mas não a sua escrita por completo. E sobre esta informação devemos também pensar que muitas vezes a língua portuguesa não é apenas a segunda língua do surdo, mas sim uma língua estrangeira, pois é de cultura e forma de contato diferentes da língua dele, sua L1, a língua de sinais. E logo Sousa (2008, p. 49) nos reforça essa informação esclarecendo que:

A língua portuguesa, no entanto, nem sempre é vista como segunda língua por alguns surdos, mas como uma língua estrangeira. No caso de muitos surdos, a língua portuguesa é vista como uma língua realmente estrangeira, estranha, que pertence apenas à comunidade ouvinte. Trata-se de uma relação bastante conflituosa que permeia o contato entre essas duas comunidades.

E assim, outra reflexão nos cerca, pois não devemos impor apenas uma forma de aprendizagem da língua escrita aos alunos surdos. Ou ainda, sendo mais clara, insistir que o aluno aprenda apenas com lápis e papel. O que poderá incitar certa resistência n aprendizado por parte do aluno, ou até mesmo a aversão da língua portuguesa. 

Vale ainda ressaltar que também é apropriado entender qual o nível linguístico do aluno, e assim, não trabalhar apenas com palavras que o mesmo já conhece, e também não apresentar vocabulário que excedem o seu conhecimento neste momento. Mas tudo isso, sempre enriquecendo e proporcionando mais conhecimento, apresentando novos vocabulários (contextualizados), aos poucos aos alunos. 

por fim, concluímos que proporcionar momento de aprendizado com materiais diversos e "disfarçados", mas mais atrativos, faz dos momentos de ensino e aprendizagem momentos mais ricos e com maior possibilidade de sucesso.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SOUSA, Aline Nunes de. Surdos Brasileiros Escrevendo em Inglês: Uma Experiência com Ensino Comunicativo de Línguas. Dissertação de Mestrado em Linguística Aplicada – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2008.


Todos os nossos alunos foram liberados por seus responsáveis para o uso de imagem em nossos canais de repasse de informações e mídias sociais.



Texto de Vanessa Paula Rizzotto – Intérprete de Libras
Atividade realizada pela professora: Cilene Couto Becker.






















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