AEE
PORTUGUÊS
Ensinar
a escrita da língua portuguesa é a principal premissa do nosso
serviço de atendimento do AEE Português realizado no CAS/FCEE.
Com
o apoio profissional de um professor bilíngue, as atividades são
todas voltadas à língua majoritária do nosso país. Contudo
respeitando a condição de esta ser a segunda língua (L2) do
sujeito surdo.
E
sobre tal informação temos Sousa (2008) que nos afirma que:
A escrita assume um papel
extremamente significativo para o povo surdo, por tratar-se de um
grupo que não ouve nem fala uma língua oral de forma natural, como
os ouvintes. Nem todos os surdos desejam aprender a modalidade oral
de uma língua oral-auditiva. Ao contrário, a modalidade escrita é
acessível a todos eles, visto que ela é um sistema de representação
não apenas sonoro, mas também visual/gráfico (SOUSA, 2008, p.15).
Dessa
forma identificamos ainda mais a necessidade de que todos os nossos
alunos/usuários aprendam com estratégias diferenciadas e acessíveis
às suas particularidades. Afinal, como sempre afirmamos em nossos
textos, é fundamental conhecermos os alunos com que estamos
trabalhando, e identificarmos os gostos pessoais de cada um.
Um
dos exemplos que podemos abordar é o trabalho com um aluno que
frequenta o CAS, nas aulas ministradas no nosso centro. O aluno em
questão é surdo e também apresenta outras particularidades e
condutas típicas. Neste caso o aluno não consegue se concentrar por
muito tempo com atividades rotineiras do âmbito escolar, por isso, a
necessidade de adaptação das atividades é fundamental e assim
encontrar e até mesmo diversificar as estratégias de ensino. E foi
assim que ocorreu na aula retratada abaixo, em que a professora
sabendo que o aluno não se identifica (ou melhor explicando: não
tem preferência pelo lápis e papel) ela utilizou letras de EVA,
coloridas e grandes, atraindo o aluno a possibilidade da escrita.
A
atividade se iniciou com a identificação de alguns vocábulos que o
aluno já tinha conhecimento da escrita na língua portuguesa. No
restante da aula, a atividade transcorreu naturalmente, com novas
sugestões de vocabulários ao aluno, por parte da professora, mas
principalmente com sugestões do próprio aluno, quando o mesmo fazia
o sinal em Libras para a professora e a mesma colaborava com a
escrita na língua portuguesa. Na maioria dos vocabulários sugeridos
pelo aluno, este sabia o início da palavra, mas não a sua escrita
por completo. E sobre esta informação devemos também pensar que
muitas vezes a língua portuguesa não é apenas a segunda língua do
surdo, mas sim uma língua estrangeira, pois é de cultura e forma de
contato diferentes da língua dele, sua L1, a língua de sinais. E
logo Sousa (2008, p. 49) nos reforça essa informação esclarecendo
que:
A língua portuguesa, no
entanto, nem sempre é vista como segunda língua por alguns surdos,
mas como uma língua estrangeira. No caso de muitos surdos, a língua
portuguesa é vista como uma língua realmente estrangeira, estranha,
que pertence apenas à comunidade ouvinte. Trata-se de uma relação
bastante conflituosa que permeia o contato entre essas duas
comunidades.
E
assim, outra reflexão nos cerca, pois não devemos impor apenas uma
forma de aprendizagem da língua escrita aos alunos surdos. Ou ainda,
sendo mais clara, insistir que o aluno aprenda apenas com lápis e
papel. O que poderá incitar certa resistência n aprendizado por parte do aluno, ou até mesmo a aversão da língua portuguesa.
Vale ainda ressaltar que também é apropriado entender qual o nível linguístico do aluno, e assim, não trabalhar apenas com palavras que o mesmo já conhece, e também não apresentar vocabulário que excedem o seu conhecimento neste momento. Mas tudo isso, sempre enriquecendo e proporcionando mais conhecimento, apresentando novos vocabulários (contextualizados), aos poucos aos alunos.
por fim, concluímos que proporcionar
momento de aprendizado com materiais diversos e "disfarçados", mas mais atrativos, faz dos
momentos de ensino e aprendizagem momentos mais ricos e com maior
possibilidade de sucesso.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
SOUSA,
Aline Nunes de. Surdos Brasileiros Escrevendo em Inglês: Uma
Experiência com Ensino Comunicativo de Línguas. Dissertação de
Mestrado em Linguística Aplicada – Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza, 2008.
Texto de Vanessa Paula Rizzotto – Intérprete de Libras
Atividade realizada pela professora: Cilene Couto Becker.
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