quarta-feira, 21 de novembro de 2018

OFICINA DE LIBRAS COM AS FAMÍLIAS

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA APRENDER A LÍNGUA DE SINAIS


É na família que se inicia a sociedade, nela os indivíduos organizam conceitos e buscam a maturidade por meio de trocas entre seus membros. Por esse motivo, as maneiras de educar são incessantes. Trata-se de um processo que vai do nascer ao morrer, sendo a família considerada, via de regra, a principal responsável pela formação do caráter de uma pessoa.”

É com base nas palavras de Santos Filho e Oliveira (2010) que o CAS/FCEE se preocupa na participação da família dos nossos alunos em aprender a língua de sinais, para assim conseguirem se comunicar claramente (e desde muito cedo) sobre os mais variados assuntos.

Dessa forma, pensando no tempo ocioso que as famílias tinham quando vinham até o centro de atendimento trazer seus filhos para os atendimentos, o CAS/FCEE oferece aos pais e responsáveis dos nossos usuários uma oficina de Libras. Tal oficina, sempre é ministrada por um professor/a surdo/a e lhes proporciona o aprendizado da língua (iniciando do básicos para famílias que chegam sem conhecimento da Libras) e o aprimoramento da mesma (com uso de expressões faciais e corporais, gírias, variações linguísticas, tipos de discurso, dentre outros), fazendo com que estes enriqueçam seu vocabulário e aprendam novos gêneros textuais da língua de sinais.

Na maioria dos atendimentos os assuntos trabalhados nas oficinas com as famílias, estão interligados com o assunto que também está sendo trabalhado/ensinado, em sala de aula, com os alunos, para assim, pais e filhos conseguirem estabelecer um diálogo sobre os atendimentos.

O dia de atendimento da oficina de Libras das famílias retratado nas fotografias abaixo, demonstra uma aula em que a professora estava trabalhando com pais e responsáveis as narrativas em língua de sinais, com enfoque maior para a contação de histórias da literatura infantil. Visto que assim, em casa, pais e responsáveis podem contar “historinhas” aos seus filhos interagindo e proporcionando aprendizados aos mesmos.

É válido citar que os participantes desta oficina em questão são pais e responsáveis de alunos surdos que frequentam o AEE Libras da Educação Infantil, pro isso, crianças, de 2 a 6 anos (numa turma mista).

E assim novamente entramos em concordância com a fala de Santos Filhos e Oliveira (2010), que nos apresenta que:

Ao refletirmos sobre a família, observamos que a mesma, ao interagir com os filhos, ajudará a formar a personalidade, determinando aí suas características sociais. Muitos fenômenos sociais são percebidos e examinados em função de características da família. Nesse processo de troca, a família está inserida na construção de um estado de maturidade que se dá por meio da convivência com os filhos. As atitudes e comportamentos dos pais e demais membros familiares, expressos por suas interações, têm um impacto decisivo no desenvolvimento psicossocial de um filho.

Ou seja, aos interagir com seus filhos, contando histórias por exemplo, pais e responsáveis estão muito mais do que proporcionando um momento de lazer e afeto aos seus, mas estão também formando este indivíduo como sujeito, apresentando contextos sociais, ensinando-os, aumentando seu vocabulário e os desenvolvendo de maneira geral.

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Texto de Vanessa Paula Rizzotto – tradutora e intérprete de Libras.
Atividade realizada pela professora Dariane Régis.


REFERÊNCIAS


SANTOS FILHOS, Genivaldo Oliveira; OLIVEIRA, Rozilda Ramos dos Santos. Os DESAFIOS NA COMUNICAÇÃO ENTRE OS SURDOS E A FAMÍLIA. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/os-desafios-na-comunicacao-entre-os-surdos-e-a-familia/31113>, acesso em 21 de novembro de 2018.


















sexta-feira, 9 de novembro de 2018

VAMOS FALAR SOBRE A “INTERPRETAÇÃO”? (TEXTO II)

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO E CONTEXTOS DE ATUAÇÃO

O trabalho dos intérpretes de Libras é muito conhecido no contexto educacional e religioso, mas sabemos que este profissional atua em vários outros locais, proporcionando acessibilidade linguística a comunidade surda, nos mais variados âmbitos sociais existentes.

Dessa forma, temos claro que existem muitos contextos de atuação que ainda estão sendo estudados. Principalmente quando se fala da formação destes profissionais para que atuem eficazmente em cada área. Visto que a interpretação em cada um destes contextos é específica, nos mais variados sentidos. Por exemplo: quando nos referimos ao vocabulário utilizado em cada contexto de atuação (terminologias próprias da área médica ou da área jurídica, muitas vezes não são conhecidas por um intérprete que atua a anos em sala de aula), ou ainda, a questão da postura e do comportamento, que pode ser diferenciada em alguns ambientes de interpretação.

Dos contextos/esferas de atuação possíveis, temos:

- Contexto educacional;

- Contexto clínico-hospitalar;

- Contexto legal – judiciário;

- Contexto familiar;

- Contexto midiático;

- Contexto religioso;

- Contexto de lazer e turismo;

- Contexto de conferência;

- Na tradução literária;

- Na formação de profissionais (ex.: professor de tradução de interpretação).

Vale citar que entender/conhecer o que iremos interpretar e em qual contexto interpretativo estaremos inseridos, é fundamental para que, como profissionais, possamos no preparar para nossa atuação. E, se necessário, fazermos pesquisas anteriores ao momento da atuação, para que assim, quando da interpretação, já tenhamos conhecimentos prévios de alguns possíveis sinais (vocabulários) que poderão ser utilizados naquela fala.

Afinal, como afirma Ronice Muller de Quadros (2004, p. 79): “O profissional intérprete é aquele que interpreta a mensagem de forma ‘precisa e apropriada’ de uma língua para permitir que a comunicação aconteça entre pessoas que não usam a mesma língua, isto é, o profissional intérprete intermedia a interação/comunicação”. Reforçando assim a necessidade de estudos prévios em muitos casos, para conseguir, de fato, passar a mensagem de forma exata.

Contudo, a autora acrescenta que passar a mensagem de forma ‘precisa e apropriada’ é uma questão complicada, pois são poucos treinamentos de profissionais intérpretes que constituem-se de exercícios de tradução/interpretação da fala para sinais e vice-versa com discussão sobre técnicas de processamento de informação. O foco, na sua maioria, está no vocabulário e nas frases.

E assim finalizamos nossa breve reflexão sobre, acrescentando que apesar de ser fundamental saber onde (qual o contexto) iremos interpretar, também precisamos ter a clareza de qual será o discurso que interpretaremos, para que possamos aperfeiçoar ainda mais o processo dando o tom correto a mensagem. Sobre os tipos de discurso Quadros (2004) nos apresenta que o profissional intérprete poderá se deparar com os seguintes tipos:

- Narrativo – que reconta uma série de eventos ordenados mais ou menos de forma cronológica;

- Persuasivo – que objetiva influenciar a conduta de alguém;

- Explicativo – que oferece informações requeridas em determinado contexto;

- Argumentativo – que objetiva provar alguma coisa para a audiência;

- Conversacional – que envolve a conversação entre duas ou mais pessoas; e

- Procedural – que dá instruções para executar uma atividade ou usar algum objeto.

Vale lembrar, por fim que, entender o tipo discursivo antes da interpretação entrega ao intérprete a clareza para sua atuação, além de ser mais uma ferramenta de sua preparação prévia e atuação profissional.

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Texto de Vanessa Paula Rizzotto – tradutora e intérprete de Libras.

REFERÊNCIAS


QUADROS, Ronice Muller de. O tradutor e o intérprete da língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília : MEC ; SEESP, 2004.  



terça-feira, 6 de novembro de 2018

UMA AULA SOBRE VERBOS

ATIVIDADE EM CONJUNTO: AEE PORTUGUÊS + AEE LIBRAS

Segundo Paula Nadal (2010), em seu texto para o site Nova Escola:

Ensinar uma língua escrita para quem desconhece a oralidade é um desafio para todos os professores com alunos surdos em suas turmas. As principais dificuldades não decorrem da surdez em si, mas da falta de conhecimento da Língua Portuguesa falada. Hoje, boa parte desses estudantes comunica-se com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), uma língua visual-espacial, que possui estrutura própria.

Pensando nessa afirmação e focando no objetivo principal do AEE Português, que é o de ensinar a língua portuguesa escrita, em uma aula interdisciplinar os professores do AEE Português e do AEE Libras juntaram as turmas para trabalhar/ensinar um conteúdo considerado por muitos alunos “difícil”: os verbos!

A aula iniciou com os professores explicando as classes de palavras. Deste modo, explanaram brevemente sobre: substantivos, adjetivos e verbos. E de forma simples e com vários exemplos o foco principal foi no ensino e exercício de alguns “verbos”.

Sobretudo, tendo em vista que uma boa produção comunicativa depende muitas vezes do uso dos verbos a aula aconteceu de maneira natural. Sendo que em todos os momentos os professores questionavam os próprios alunos a citarem exemplos. E partindo de palavras que eles já conheciam (podendo ou não ser verbos) eles vinham na sequência, para complementar a palavra. Como por exemplo, um aluno citava a palavra “ÁRVORE”, e na sequência todos pensavam quais verbos se relacionava a este termo. Logo foram citados vários verbos como: “PLANTAR, CORTAR, REGAR, CRESCER, ...”. Ou ainda quando outro aluno citou a palavra “LIVRO”, e os verbos citados foram: “ESCREVER, LER, COMPRAR, ...”

Na aula em questão, foram trabalhados assuntos como:

- formas verbais da língua portuguesa;
- tipos de verbos da língua de sinais;
- características dos verbos;
- identificação dos verbos no português escrito;
- alguns exemplos de frases (tanto no português quanto na Libras) com verbos;
- e outros assuntos pertinentes.

Como Nadal (2010) reforça “o maior desafio para o aluno surdo é que ele compreenda a língua como prática social.”. Dessa forma, e para que isso ocorresse, os professores utilizaram muitos exemplos e até mesmo sinônimos para tornar as explicações compreensíveis a todos os alunos. Visto que a turma, neste dia, era mista, tanto quando pensamos na questão da faixa etária, quanto no nível de aquisição linguística.

Mas respeitando o tempo de cada um dos alunos, a aula transcorreu com a participação ativa daqueles alunos que sabia “um pouco mais” do conteúdo, ajudando os demais colegas.

REFERÊNCIAS

NADAL, Paula. O desafio de ensinar Língua Portuguesa a alunos surdos. 2010. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/1533/o-desafio-de-ensinar-lingua-portuguesa-a-alunos-surdos >, acesso em 06 de novembro de 2018.


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Texto: Vanessa Paula Rizzotto - Intérprete de Libras 
Atividade realizada pelos professores Marcos Alexandre Marquioto e Marta de Melo Vanderlei Locks