sexta-feira, 9 de novembro de 2018

VAMOS FALAR SOBRE A “INTERPRETAÇÃO”? (TEXTO II)

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO E CONTEXTOS DE ATUAÇÃO

O trabalho dos intérpretes de Libras é muito conhecido no contexto educacional e religioso, mas sabemos que este profissional atua em vários outros locais, proporcionando acessibilidade linguística a comunidade surda, nos mais variados âmbitos sociais existentes.

Dessa forma, temos claro que existem muitos contextos de atuação que ainda estão sendo estudados. Principalmente quando se fala da formação destes profissionais para que atuem eficazmente em cada área. Visto que a interpretação em cada um destes contextos é específica, nos mais variados sentidos. Por exemplo: quando nos referimos ao vocabulário utilizado em cada contexto de atuação (terminologias próprias da área médica ou da área jurídica, muitas vezes não são conhecidas por um intérprete que atua a anos em sala de aula), ou ainda, a questão da postura e do comportamento, que pode ser diferenciada em alguns ambientes de interpretação.

Dos contextos/esferas de atuação possíveis, temos:

- Contexto educacional;

- Contexto clínico-hospitalar;

- Contexto legal – judiciário;

- Contexto familiar;

- Contexto midiático;

- Contexto religioso;

- Contexto de lazer e turismo;

- Contexto de conferência;

- Na tradução literária;

- Na formação de profissionais (ex.: professor de tradução de interpretação).

Vale citar que entender/conhecer o que iremos interpretar e em qual contexto interpretativo estaremos inseridos, é fundamental para que, como profissionais, possamos no preparar para nossa atuação. E, se necessário, fazermos pesquisas anteriores ao momento da atuação, para que assim, quando da interpretação, já tenhamos conhecimentos prévios de alguns possíveis sinais (vocabulários) que poderão ser utilizados naquela fala.

Afinal, como afirma Ronice Muller de Quadros (2004, p. 79): “O profissional intérprete é aquele que interpreta a mensagem de forma ‘precisa e apropriada’ de uma língua para permitir que a comunicação aconteça entre pessoas que não usam a mesma língua, isto é, o profissional intérprete intermedia a interação/comunicação”. Reforçando assim a necessidade de estudos prévios em muitos casos, para conseguir, de fato, passar a mensagem de forma exata.

Contudo, a autora acrescenta que passar a mensagem de forma ‘precisa e apropriada’ é uma questão complicada, pois são poucos treinamentos de profissionais intérpretes que constituem-se de exercícios de tradução/interpretação da fala para sinais e vice-versa com discussão sobre técnicas de processamento de informação. O foco, na sua maioria, está no vocabulário e nas frases.

E assim finalizamos nossa breve reflexão sobre, acrescentando que apesar de ser fundamental saber onde (qual o contexto) iremos interpretar, também precisamos ter a clareza de qual será o discurso que interpretaremos, para que possamos aperfeiçoar ainda mais o processo dando o tom correto a mensagem. Sobre os tipos de discurso Quadros (2004) nos apresenta que o profissional intérprete poderá se deparar com os seguintes tipos:

- Narrativo – que reconta uma série de eventos ordenados mais ou menos de forma cronológica;

- Persuasivo – que objetiva influenciar a conduta de alguém;

- Explicativo – que oferece informações requeridas em determinado contexto;

- Argumentativo – que objetiva provar alguma coisa para a audiência;

- Conversacional – que envolve a conversação entre duas ou mais pessoas; e

- Procedural – que dá instruções para executar uma atividade ou usar algum objeto.

Vale lembrar, por fim que, entender o tipo discursivo antes da interpretação entrega ao intérprete a clareza para sua atuação, além de ser mais uma ferramenta de sua preparação prévia e atuação profissional.

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Texto de Vanessa Paula Rizzotto – tradutora e intérprete de Libras.

REFERÊNCIAS


QUADROS, Ronice Muller de. O tradutor e o intérprete da língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília : MEC ; SEESP, 2004.  



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