segunda-feira, 25 de março de 2019

A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E O IMPLANTE COCLEAR

O Implante Coclear é um dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa proporcionar aos seus usuários a sensação auditiva próxima ao fisiológico. É uma boa opção aos portadores de surdez sensorioneural profunda. 

O benefício mais relevante proporcionado pelo implante coclear é a possibilidade de percepção dos sons de fala de frequências altas. Isto permite que a criança consiga reconhecer auditivamente os sons de fala com mais facilidade, e a aquisição da linguagem oral ocorra mais rapidamente e de maneira menos árdua.

Mas o fato do individuo fazer uso do implante coclear não assegura o desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem oral. Todo este complexo processo depende de inúmeros fatores intrínsecos e extrínsecos ao sujeito, tais como capacidade de memória auditiva, adequada estimulação no ambiente familiar, intervenção fonoaudiológica precoce e também uma somatória de todos esses e outros fatores.

Consequentemente, por inicialmente não desenvolverem a linguagem oral, os indivíduos com implante coclear não podem ser privados da possibilidade da aquisição e do desenvolvimento da linguagem, pois podem fazer isso utilizando outro canal – a visão – e outra forma de comunicação – a língua de sinais. 

A língua de sinais é considerada a língua natural para os surdos, já que sua aquisição se dará naturalmente através da visão. É uma língua como qualquer outra língua materna, adquirida efetiva e essencialmente no contato com seus falantes.

A língua de sinais, uma vez entendida como a língua materna do surdo, deverá ser, dentro da escola, o meio de instrução por excelência para o ensino da língua portuguesa escrita (SALLES et al., 2004).


Pesquisas comprovam que o uso da Língua de Sinais não impede o aprendizado da linguagem oral, pelo contrário, ela é um facilitador para o aprendizado da língua portuguesa oral.






Moret, Bevilacqua, Costa-Filho (2007) ressaltaram que poucos estudos investigaram os efeitos do implante coclear sobre domínios múltiplos da criança, como a cognição e o comportamento. Enfatizaram que à medida que o implante provê acesso auditivo aos sons da fala e que a criança começa a responder aos mesmos, a habilidade da criança em regular a atenção e o comportamento aumenta consideravelmente, desencadeando uma melhora na interação pais / criança e enriquecendo as experiências comunicativas.

Entretanto, nem todos os indivíduos com surdez podem utilizar-se e/ou beneficiar-se deste recurso. Independente da abordagem utilizada, esta deve oferecer ao individuo meios pelos quais ele possa desenvolver suas habilidades e capacidades. O importante é garantir o uso competente de uma língua que possibilite o estabelecimento de uma identidade e de uma comunicação efetiva com o outro, evitando privações no desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e consequentes déficits psicológicos, sociais, emocionais e educacionais.

Cabe aos profissionais que atuam com a deficiência auditiva e surdez serem mediadores neste processo, visando ao que é melhor para cada individuo, estando atentos ao seu desenvolvimento, as suas necessidades e potencialidades e tendo sensibilidade e flexibilidade para saber o que deve ser priorizado em cada momento.



REFERÊNCIAS

https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/viewFile/2318/3094

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Texto de Luana Zimpeck de Rezende - fonoaudióloga do CAS/FCEE

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