O
Implante Coclear é um dispositivo eletrônico, parcialmente
implantado, que visa proporcionar aos seus usuários a sensação
auditiva próxima ao fisiológico. É uma boa opção aos portadores
de surdez
sensorioneural profunda.
O benefício mais relevante proporcionado
pelo implante coclear é a possibilidade de percepção dos sons de
fala de frequências altas. Isto permite que a criança consiga
reconhecer auditivamente os sons de fala com mais facilidade, e a
aquisição da linguagem oral ocorra mais rapidamente e de maneira
menos árdua.
Mas
o fato do individuo fazer uso do implante coclear não assegura o
desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem oral. Todo
este complexo processo depende de inúmeros fatores intrínsecos e
extrínsecos ao sujeito, tais como capacidade de memória auditiva,
adequada estimulação no ambiente familiar, intervenção
fonoaudiológica precoce e também uma somatória de todos esses e
outros fatores.
Consequentemente,
por inicialmente não desenvolverem a linguagem oral, os indivíduos
com implante coclear não podem ser privados da possibilidade da
aquisição e do desenvolvimento da linguagem, pois podem fazer isso
utilizando outro canal – a visão – e outra forma de comunicação
– a língua de sinais.
A língua de sinais é considerada a língua natural para os surdos, já que sua aquisição se dará
naturalmente através da visão. É uma língua como qualquer outra língua materna,
adquirida efetiva e essencialmente no contato com seus falantes.
A
língua de sinais, uma vez entendida como a língua materna do surdo,
deverá ser, dentro da escola, o meio de instrução por excelência
para o ensino da língua portuguesa escrita (SALLES et al., 2004).
Pesquisas
comprovam que o
uso da Língua de Sinais não impede o aprendizado da linguagem oral,
pelo contrário, ela é um facilitador para o aprendizado da língua
portuguesa oral.
Moret,
Bevilacqua, Costa-Filho (2007) ressaltaram que poucos estudos
investigaram os efeitos do implante coclear sobre domínios múltiplos
da criança, como a cognição e o comportamento. Enfatizaram que à
medida que o implante provê acesso auditivo aos sons da fala e que a
criança começa a responder aos mesmos, a habilidade da criança em
regular a atenção e o comportamento aumenta consideravelmente,
desencadeando uma melhora na interação pais / criança e
enriquecendo as experiências comunicativas.
Entretanto, nem todos
os indivíduos com surdez podem utilizar-se e/ou beneficiar-se deste
recurso. Independente da abordagem utilizada, esta deve oferecer ao
individuo meios pelos quais ele possa desenvolver suas habilidades e
capacidades. O importante é garantir o uso competente de uma língua
que possibilite o estabelecimento de uma identidade e de uma
comunicação efetiva com o outro, evitando privações no
desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e consequentes
déficits psicológicos, sociais, emocionais e educacionais.
Cabe aos
profissionais que atuam com a deficiência auditiva
e surdez serem mediadores neste processo, visando ao que é melhor
para cada individuo, estando atentos ao seu desenvolvimento, as suas
necessidades e potencialidades e tendo sensibilidade e flexibilidade
para saber o que deve ser priorizado em cada momento.
REFERÊNCIAS
https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/viewFile/2318/3094
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Texto de Luana Zimpeck de Rezende - fonoaudióloga do CAS/FCEE
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