Como já falamos no texto anterior sobre a surdocegueira, esta é
uma deficiência única e da qual devem ser analisados vários
aspectos, como por exemplo: se esta deficiência é congênita ou
adquirida. E se adquirida, se foi em fase pré-linguística ou
pós-linguística.
Essas informações são importantes, principalmente para
educadores, por ela servem de base para o entendimento de quais
possibilidades e estratégia podem ser usadas com este aluno/sujeito.
Vale lembrar que é função do professor/educador apresentar ao
sujeito surdocego todas as formas possíveis de comunicação, e
somente o aluno é que irá elencar a que mais satisfaz suas
necessidades.
Sobretudo, com crianças, parte do professor perceber qual dos
métodos dá mais resultado para esta criança e com o qual esta dá
mais retorno nas atividades, demonstrando assim o seu entendimento.
Obviamente para crianças em fase pré-linguística, este é um
processo demorado e que demanda várias dinâmicas e diversas
tentativas do profissional, até que este encontre “uma maneira de
fazer a coisa funcionar!” e assim possibilitar que a criança
surdocega entenda o todo e se comunique.
Dessa
forma, inicialmente, o professor deve saber quais os tipo de
comunicação existente para sujeitos surdocegos. Sendo elas:
-
Língua de sinais (LIBRAS) em campo reduzido: que é utilizada quando
o sujeito já sabe a língua de sinais ou ainda tem um resíduo
visual. Assim o mesmo poderá aprender a língua naturalmente, apenas
deve-se prestar atenção na sinalização ocorrer em locais com boa
iluminação e exatamente na frente do sujeito, para que este consiga
visualizar quais os sinais que estão sendo produzidos.
Em ambiente internos, é necessário sinalizar mais a frente do aluno e também mais próximo do mesmo. |
- LIBRAS tátil - Sistema que consiste a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) adaptada ao surdocego. Pode ser
utilizado com sujeitos surdos e com baixa visão ou com cegueira,
contudo tudo parte da individualidade de cada um. É realizada com a
mão do surdocego em cima das mãos do interlocutor. O profissional
que atua os este sujeito é o guia-intérprete.
Sistema Braille - É um recurso utilizado pelas pessoas com cegueira para desenvolver a escrita e a leitura pelo tato, sendo assim pode também ser utilizada para sujeitos surdocegos, possibilitando-os a leitura e escrita. Para tanto, são usados recursos materiais como: reglete, punção, máquinas braille e soroban (cálculos matemáticos).
O sistema Braille pode ser usado tanto no papel, com os pontos em
relevos que possibilitam a leitura e escrita, como também podem ser
realizados no corpo do sujeito surdocego (como nas costas ou na coxa,
em caso de estarem sentados), possibilitando que este receba
informações relevantes de serem soletradas.
É importante lembrar que todos os métodos de comunicação que
envolvem o toque e o contato físico são muito delicadas, e devem
partir do seu usuário principal, visto a intimidade que ação
supõe.
- Alfabeto Datilológico -
É o uso do alfabeto manual, em alguns casos, já
utilizados pelos surdos. O interlocutor faz a letra na palma da mão
da pessoa surdocega. Cada letra corresponde a uma posição dos
dedos.
- Letras de forma - Esta é a forma mais simples
de comunicação para a pessoa com surdocegueira. Neste caso, é
preciso que o interlocutor saiba as letras maiúsculas do alfabeto. O
dedo indicador funciona como uma caneta e o interlocutor escreve na
palma da mão do surdocego.
- Tadoma - Consiste na compreensão da vibração
da fala do interlocutor. A pessoa surdocega, coloca as mãos na face
do interlocutor próxima à boca e sente a vibração da fala. Neste
tipo de comunicação é preciso muito treino e prática da pessoa
surdocega para estabelecer tal comunicação utilizando este método.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1995.
BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização - Surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC/SEESP – 2006.
SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: Abordagem às diversidades no processo pedagógico. Florianópolis: COGEN, 1998, p.77–85.
______. Proposta Curricular de Santa Catarina: Avaliação. Florianópolis: COGEN, 1998, p.69–75.
VYGOTSKY, L. S. Fundamentos de Defectologia. Obras Completas – Tomo V. Havana, Cuba: Editorial Pueblo y Educación. Tradução de Maria Sylvia C. Carneiro.
Olhos da alma: unidade de atendimento ao deficiente visual. SITE. Disponível em: <http://www.olhosdaalma.com.br/saibamais.php?id=67>. Acesso em: 14 mar. 2017.
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Texto de Vanessa Paula Rizzotto - intérprete de Libras.
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