VAMOS ENTENDER SOBRE A SURDOCEGUEIRA
A
surdocegueira, apesar de o nome sugerir que a junção da deficiência
visual e auditiva, é uma deficiência única que se
caracteriza pelo prejuízo de dois sentidos simultaneamente, podendo
ocorrer com graus de perda diferentes. Logo, não se trata de uma
pessoa surda que não pode ver e nem de uma cega que não pode ouvir,
ou ainda de uma pessoa surda que tem baixa visão. A surdocegueira
não consiste na somatória das duas deficiências, podendo não
haver a perda total dos dois sentidos.
A
pessoa surdocega por ser desprovida desses sentidos sensoriais, cuja
falta resulta em dificuldades no desenvolvimento da compreensão do
ambiente, costuma ficar isolada das informações do mundo que a
cerca. O surdocego passa, então, a depender dos sentidos
remanescentes, ou seja, daqueles que estão intactos: olfato, paladar
e tato (sendo que sua comunicação toda será baseada através deste
sentido – na maioria dos casos, contudo essa é uma questão muito
individual de cada sujeito). Sentidos estes que lhe trarão
informações sobre o ambiente no qual está inserido.
As
principais causas da surdocegueira podem ser: pré-natais
com
casos de
rubéola congênita; citomegalovírus; má-formação congênita;
sindrômicos; ototóxicos; ao perinatal
em
caso de
ototóxicos;
hipoxia;
eclâmpsia;
e
ao pós-natal
quando
há casos de
síndromes
(Down, Usher, Trissomia 13); anomalias múltiplas congênitas:
chage (drogas/álcool na gravidez); microcefalia; AIDS; herpes;
sífilis; toxoplasmose; asfixia; meningite; encefalite; derrame
cerebral; traumatismo craniano; doenças raras. Logo podemos entender
que algumas
pessoas nascem surdocegas, outras podem ficar surdocegas no decorrer
de suas vidas devido a acidentes ou a doenças.
Um
fato interessante é que é
comum
as
pessoas confundirem, ao primeiro olhar, a surdocegueira com os
Transtornos
Globais
do Desenvolvimento
(TGD)
ou com
o Transtorno
de Deficit
de Atenção e
Hiperatividade
(TDAH).
Outra
informação importante ainda é que a
surdocegueira pode
ser classificada
em:
-
Pré-linguística: quando a pessoa nasce com a surdocegueira ou a adquire em tenra idade, antes da aquisição de uma língua.
-
Pós-linguística: quando a pessoa adquire a surdocegueira depois da aquisição de uma língua (português ou LIBRAS) ou que já apresentava uma deficiência sensorial, seja a visual ou a auditiva, e adquire a segunda.
Ter
clareza sobre isso contribui para o
planejamento e/ou encaminhamento
de
ações didático-pedagógicas.
Dessa forma elenca-se,
os
seguintes
tipos
de surdocegueira:
-
Cegueira congênita e surdez adquirida
-
Cegueira e surdez adquirida
-
Surdez congênita e cegueira adquirida
-
Baixa visão com surdez congênita ou adquirida
-
Cegueira e surdez congênita
-
Deficiente auditivo e cegueira congênita
-
Deficiente auditivo e baixa visão
-
Deficiente auditivo e cegueira adquirida
Em
sala de aula, precisaremos adotar alguns recursos
específicos para a pessoa com surdocegueira. A
adoção de um ou de outro recurso deve ser definida tão logo o
professor
(AEE) tenha
conhecimento de aspectos relativos ao seu aluno com
surdocegueira.
Contudo
falaremos quais os tipos de comunicação existente para as pessoas
surdocegas em outro texto aqui deste Blog.
Hoje
ainda, queremos reforçar que a surdocegueira é uma deficiência
única, e por isso, a forma de ensino e instrução dos alunos
surdocegos não é apenas “juntar o que se sabe sobre a área da
cegueira e da surdez”. Os métodos, estratégias e metodologias são
específicos para esta deficiência. Mas ainda falaremos sobre todos
estes aspectos.
REFERÊNCIAS:
OLIVEIRA,
Marta Kohl. Vygotsky:
aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 2.
ed. São Paulo: Scipione, 1995.
BRASIL.
Ministério da Educação e da Cultura. Saberes e Práticas da
Inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização -
Surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Secretaria de
Educação Especial – Brasília: MEC/SEESP – 2006.
SANTA
CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: Abordagem às
diversidades no processo pedagógico. Florianópolis: COGEN, 1998,
p.77–85.
______.
Proposta Curricular de Santa Catarina: Avaliação.
Florianópolis: COGEN, 1998, p.69–75.
VYGOTSKY,
L. S. Fundamentos de Defectologia. Obras Completas – Tomo V.
Havana, Cuba: Editorial Pueblo y Educación. Tradução de Maria
Sylvia C. Carneiro.
Olhos
da alma:
unidade de atendimento ao deficiente visual. Disponível em:
<http://www.olhosdaalma.com.br/saibamais.php?id=67>.
Acesso em: 14 mar. 2017.
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Texto
escrito por:
Vanessa
Paula Rizzotto – intérprete de Libras;
Patrícia
Amaral – Coordenadora do CAS; e
Valdeci
Lisboa – pedagogo.
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