quarta-feira, 27 de março de 2019

SURDOCEGUEIRA: QUE DEFICIÊNCIA É ESTA????



VAMOS ENTENDER SOBRE A SURDOCEGUEIRA



A surdocegueira, apesar de o nome sugerir que a junção da deficiência visual e auditiva, é uma deficiência única que se caracteriza pelo prejuízo de dois sentidos simultaneamente, podendo ocorrer com graus de perda diferentes. Logo, não se trata de uma pessoa surda que não pode ver e nem de uma cega que não pode ouvir, ou ainda de uma pessoa surda que tem baixa visão. A surdocegueira não consiste na somatória das duas deficiências, podendo não haver a perda total dos dois sentidos.

A pessoa surdocega por ser desprovida desses sentidos sensoriais, cuja falta resulta em dificuldades no desenvolvimento da compreensão do ambiente, costuma ficar isolada das informações do mundo que a cerca. O surdocego passa, então, a depender dos sentidos remanescentes, ou seja, daqueles que estão intactos: olfato, paladar e tato (sendo que sua comunicação toda será baseada através deste sentido – na maioria dos casos, contudo essa é uma questão muito individual de cada sujeito). Sentidos estes que lhe trarão informações sobre o ambiente no qual está inserido.

As principais causas da surdocegueira podem ser: pré-natais com casos de rubéola congênita; citomegalovírus; má-formação congênita; sindrômicos; ototóxicos; ao perinatal em caso de ototóxicos; hipoxia; eclâmpsia; e ao pós-natal quando há casos de síndromes (Down, Usher, Trissomia 13); anomalias múltiplas congênitas: chage (drogas/álcool na gravidez); microcefalia; AIDS; herpes; sífilis; toxoplasmose; asfixia; meningite; encefalite; derrame cerebral; traumatismo craniano; doenças raras. Logo podemos entender que algumas pessoas nascem surdocegas, outras podem ficar surdocegas no decorrer de suas vidas devido a acidentes ou a doenças.

Um fato interessante é que é comum as pessoas confundirem, ao primeiro olhar, a surdocegueira com os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) ou com o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Outra informação importante ainda é que a surdocegueira pode ser classificada em:

  • Pré-linguística: quando a pessoa nasce com a surdocegueira ou a adquire em tenra idade, antes da aquisição de uma língua.
  • Pós-linguística: quando a pessoa adquire a surdocegueira depois da aquisição de uma língua (português ou LIBRAS) ou que já apresentava uma deficiência sensorial, seja a visual ou a auditiva, e adquire a segunda.
Ter clareza sobre isso contribui para o planejamento e/ou encaminhamento de ações didático-pedagógicas. Dessa forma elenca-se, os seguintes tipos de surdocegueira:

  • Cegueira congênita e surdez adquirida
  • Cegueira e surdez adquirida
  • Surdez congênita e cegueira adquirida
  • Baixa visão com surdez congênita ou adquirida
  • Cegueira e surdez congênita
  • Deficiente auditivo e cegueira congênita
  • Deficiente auditivo e baixa visão
  • Deficiente auditivo e cegueira adquirida
Em sala de aula, precisaremos adotar alguns recursos específicos para a pessoa com surdocegueira. A adoção de um ou de outro recurso deve ser definida tão logo o professor (AEE) tenha conhecimento de aspectos relativos ao seu aluno com surdocegueira. Contudo falaremos quais os tipos de comunicação existente para as pessoas surdocegas em outro texto aqui deste Blog.

Hoje ainda, queremos reforçar que a surdocegueira é uma deficiência única, e por isso, a forma de ensino e instrução dos alunos surdocegos não é apenas “juntar o que se sabe sobre a área da cegueira e da surdez”. Os métodos, estratégias e metodologias são específicos para esta deficiência. Mas ainda falaremos sobre todos estes aspectos.

REFERÊNCIAS:

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1995.

BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização - Surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC/SEESP – 2006.


SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: Abordagem às diversidades no processo pedagógico. Florianópolis: COGEN, 1998, p.77–85.

______. Proposta Curricular de Santa Catarina: Avaliação. Florianópolis: COGEN, 1998, p.69–75.

VYGOTSKY, L. S. Fundamentos de Defectologia. Obras Completas – Tomo V. Havana, Cuba: Editorial Pueblo y Educación. Tradução de Maria Sylvia C. Carneiro.

Olhos da alma: unidade de atendimento ao deficiente visual. Disponível em: <http://www.olhosdaalma.com.br/saibamais.php?id=67>. Acesso em: 14 mar. 2017.





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Texto escrito por:
Vanessa Paula Rizzotto – intérprete de Libras;
Patrícia Amaral – Coordenadora do CAS; e
Valdeci Lisboa – pedagogo.

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